sexta-feira, 5 de outubro de 2012

menstruação, gravidez, menopausa

"Para a maioria das mulheres, menstruação, gravidez e menopausa não podem mais ser mantidas dentro de casa. As mulheres interpenetram reinos que nunca foram realmente separados. Elas corporificam literalmente a oposição, ou a contradição, entre os mundos [publico e privado]" (MARTIN, E. The Woman in the Body. A Cultural Analisys of Reproduction. Boston, Beacon Press, 1987, p.197)
"Numa grande variedade de maneiras, as mulheres afirmam uma visão alternativa de seus corpos, reagem contra seus papéis sociais costumeiros, rejeitam modelos científicos difamantes e, em geral, lutam para alcançar dignidade e autonomia... Porque seus processos corporais vão com elas a toda parte, forçando-as a justapor biologia e cultura, as mulheres vislumbram todos os dias uma concepção de outro tipo de ordem social. No mínimo, ua vez que não se enquadram na divisão ideal das coisas (processos corporais, privados, devem ficar no lar), provavelmente verão que a ideologia dominante é parcial: não captura a experiência delas." (idem, p.12)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

PROCESSO SELETIVO 2012

Informações acerca de datas, processos, bibliografias e regras, aqui!
Quaisquer dúvidas, pedimos que nos contatem através do e-mail petsol.unb@gmail.com

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nim Chimpsky


Um dos mais falados documentários no Festival de Sundance do ano passado foi Projeto Nim, do diretor James Marsh, o mesmo que fez o aclamado e vencedor do Oscar 2008 “O Equilibrista”. Este seu novo trabalho é uma biografia sentimental de  Nim Chimpsky (nome dado em homanagem a Noam Chomsky), chimpanzé que foi objeto de uma famosa experiência sobre linguagem de aquisição, na década de 1970. Nim foi criado desde a infância como uma criança humana e se ensinou a ele Língua Gestual Americana. No surprises, o experimento levantou questões científicas basilares sobre linguagem e a linha que separa humanos e animais, bem como questões éticas perturbadoras. Abaixo, o trailer:


(o torrent do filme está disponível no Pirate Bay)

sábado, 1 de setembro de 2012

Literatura marginal?

Na última reunião do PET tivemos a visita da Senhora Gislaine, doutora em literatura pela UnB, e da Senhora Sueli, que dá aulas no sistema prisional de brasília, ambas tendo trabalhado com literatura marginal.
Durante a reunião discutimos nossa intervenção sociológica (?) nas penitenciárias do DF. As convidadas nos ajudaram a elaborar melhor aquilo que já tinhamos em mente, a partir de suas experiências. 

Para a reunião trouxeram alguns exemplo da chamada literatura marginal:
Hospício É Deus - Maura Lopes Cançado, que escreveu a obra em uma de suas internações no hospital psiquiatrico Gustavo Reiedel, no Rio de Janeiro.














Reino Dos Bichos e Dos Animais É o Meu Nome, organizado pela filósofa Wiviane Mosé, traz Stela do Patrocínio, internada da Colônia Psiquiátrica Juliana Moreira:


“Eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo 
Eu era ar, espaço vazio, tempo 
E gases puro, assim, ó, espaço vazio, ó 
Eu não tinha formação 
Não tinha formatura 
Não tinha onde fazer cabeça 
Fazer braço, fazer corpo 
Fazer orelha, fazer nariz 
Fazer céu da boca, fazer falatório 
Fazer músculo, fazer dente
Eu não tinha onde fazer nada dessas coisas 
Fazer cabeça, pensar em alguma coisa 
Ser útil, inteligente, ser raciocínio 
Não tinha onde tirar nada disso
Eu era espaço vazio puro”


Já Luiz Alberto Mendes, que viveu parte da vida em refomátorios e penitenciárias de São Paulo, é autor de duas obras Às Cegas e Memórias de um Sobrevivente:

Trecho de Às Cegas:

"Era o primeiro dia dos exames. Eu estava extremamente nervoso. Sabia que não tinha base, e não tivera tempo suficiente para estudar.Em 1979 fora promulgada uma lei que, entre outras coisas, facultava ao presidiário o direito de freqüentar um curso superior. Até então, eu havia lido bastante, mas somente o que me interessava. Estudos curriculares não me chamavam a atenção.
Meu amigo Henrique Moreno é que tinha vindo com essa novidade. Na época, eu estava meio que perdido, sem objetivos. Preso por homicídio e assaltos em 1972, fora condenado a quase cem anos de prisão. Certificados não teriam significado algum.

Saíra de uma relação amorosa que me causara sofrimento imenso. Tinha uma certeza: pessoas como eu, que desde a infância vinham dando trombadas contra os muros da vida, não tinham grandes chances de alcançar equilíbrio. Particularmente quando presas.
Estava me conformando com isso. Felicidade, eu sabia, era impossível. Tudo o que queria então era um pouco de paz. Não muita, também. Jovem, precisava de movimento. A rotina prisional esmagava. Mergulhava a alma em oceanos de tédio, angústias estupidificantes.
Havia muito que eu estava consciente do que fizera. Mas e aí? Ia ficar me derretendo em culpas? Depois, a prisão tinha movimento também. Perigos nos espreitavam a cada curva de galeria. Quase toda semana três a quatro companheiros eram assassinados a facadas ou pauladas. Os motivos nem sempre justificavam. E isso me deixava pisando em ovos. De repente um daqueles malucos cismava com minha cara, e olha eu diante de uma faca ensangüentada. Tinha certeza de que não seria capaz de me defender. Se dependesse de mim, estava fodido."





Algumas outras obras tem menos entrada comercial:
Os Manos da Quebrada, organizado por Chico de Aquino, reune várias obras artisticas e literárias de detentos: http://www.estantevirtual.com.br/sebouniversitario/Chico-de-Aquino-Manos-da-Quebrada-46322140
Fuga de Vozes - Djane Antornucci, Letícia Fraga e Alváro Franco da Fonseca Júnior.
E por fim, Longe Como o Meu Querer de Marina Colasanti:


Nascida na Etiópia, Marina veio para o Brasil durante a segunda guerra mundial, e na maioria das histórias traz figuras femininas como personagens principais.











terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pai capaz de amamentar levanta novo questionamento sobre a maternidade




retirado de: yahoo!
                                                                            MacDonald tem registrado a experiência de amamentar em fotos e anedotas em seu blog,Milk Junkies, por quase um ano. Contudo, apenas em agosto seu caso ficou conhecido, após um desentendimento com La Leche League (LLL), uma organização internacional de apoio à amamentação. O pai e o orgão discordaram sobre a definição que cada um tem sobre maternidade.


A grande ironia, na verdade, é que MacDonald nasceu mulher, mas foi ‘transformado’ em homem aos 23 anos, através de tratamento hormonal e cirurgia nos seios. “Eu continuo com os meus órgãos reprodutivos femininos, mas sempre me senti (e ainda me sinto) completamente masculino. Além disso, qualquer pessoa que me visse na rua não pensaria que sou outra coisa senão um homem”, ele escreveu em um artigo que saiu na Out Magazine, em abril. Ele ainda refere a si mesmo como pai, e não mãe.

Ele também se autodenomina homosexual e casou com o atual parceiro antes de engravidar. Antes de ter o bebê, ele pesquisou e descobriu um método de amamentação para mulheres com mastectomias (a cirurgia que fez para ter seios masculinizados).

O principal motivo para Trevor informar-se sobre o assunto é garantir ao seu filho os nutrientes que apenas o leite materno possui. Através de um dispositivo conectado ao mamilo (o SNS), MacDonald conseguiu alimentar Jacob, contando ainda com a doação láctea para incrementar sua própria produção. Para o bebê, a experiência não difere em nada em relação a uma amamentação comum. No início, contudo, Trevor relatou no blog a dificuldade em prover o bebê com leite com um tecido mamário reduzido pela cirurgia.

Até a última semana, o grande debate acerca a questão de amamentação era centrado nos dilemas de quais locais são ideais para isso e quanto tempo de duração deve ter. Mas Trevor MacDonald, o pai ousado de 27 anos, fez surgir uma questão ainda maior sobre isso: quem fica responsável pela amamentação? O pai ou a mãe?


Sim, para muitas pessoas a resposta óbvia seria a mãe. Contudo, o caso do jovem trouxe novas possibilidades e vale a pena conhecer a história para então tirar as próprias conclusões.

Depois de desempenhar os papéis de mãe com seu filho, Jacob (agora com 16 meses), Trevor esperava se tornar um dos diretores dos grupos de suporte local do LLL. Contudo, ele foi informado de que só poderia ocupar a função se fosse mulher.


Para acompanhar a trajetória de Trevor, basta acessar seu blog: Milk Junkies. No portal, ele posta fotos e histórias …



Apesar de todo o atrito, em carta ao La Leche League contestando a política que limita a participação às mulheres, o pai elogiou a instituição, reconhecendo que amamentação paterna é um território inteiramente novo e, portanto, é natural que gere alguma polêmica.

“Sem o suporte e as informações que recebi do LLL, duvido que conseguiria desepenhar essa função hoje.”, ele escreveu em carta publicada no blog. “Eu espero um dia conseguir recompensar a compaixão, o encorajamento e a perícia que fez tanta diferença na minha experiência amamentando.”


Trevor amamentando Jacob, agora com 16 meses. (Foto: Reprodução)Apesar de tudo, a organização resolveu manter a regra de que lideres de grupos poderiam ser apenas mulheres. Em compensação, a resposta enviada a MacDonald e também publicada no blog enfatiza que a missão do órgão é “ajudar todas as mães... independentemente da sua origem ou sua situação atual”. A prova é que mesmo MacDonald, que ainda se denomina como pai, recebeu o apoio do grupo.




Repercussão nacional

O caso de Trevor recebeu a atenção da imprensa canadense na última semana, levantando novos questionamentos, particularmente entre mulheres.

“A decisão da La Leche League do Canadá é descriminatória”, disse a PhD em paternidade e blogueira, Annie Urban, ao jornal Toronto Star. “Está na hora da LLL atualizar as suas regras e reconhecer que amamentação não é exclusividade materna, necessariamente.”

Já Jill, uma residente de Montreal, discorda. Em carta enviada ao Montreal Gazette, um dos veículos que cobriam todo o caso, ela defende a decisão da LLL, pois acredita que o grupo estava protegendo as mães de serem obrigadas a abrir sua intimidade para um homem. “Eu acho que eles acertaram quando decidiram que a melhor decisão seria ter uma mulher liderando e ajudando os grupos de apoio”, ela escreveu.




Por fim, do que se trata o caso


Na realidade, esse debate sobre amamentação não se resume a tomar partidos ou posições, mas sim se extende a toda uma avaliação sobre a denifição de maternidade, paternidade e tudo o que essas fimções abrangem. O recente projeto californiano de permitir que crianças possuam múltiplos pais legalmente é outro exemplo de como a estrutura familiar está evoluindo no quesito aceitação sexual e de gênero. Além do divórcio e da criação independente.

De acordo com pesquisa realizada por instituto, dentro da atual comunidade de transgêneros, é estimado que 38% são pais. Esses números ainda tendem a crescer com o progresso científico e educacional. Isso não significa, necessariamente, que uma organização deva mudar a sua política, apesar de o caso de MacDonald provavelmente atrair mais grupos para apoiar a causa.


A maior lição que se pode tirar da polêmica entre MacDonald e LLL, contudo, é a civilidade. Diferentemente de outras controvérsias em torno do tema ‘amamentação’, essa discussão específica recebeu um olhar mais sensível (observado pela troca de elogios das duas partes, apesar do desentendimento).


MacDonald está agora solicitando que os leitores de seu blog dêem voz à sua opinião, mas continuem apoiando a LLL. “Não retirem o apoio à organização – há milhares de lideres incríveis e com mente aberta”, ele escreveu. “Não vamos esquecer o ótimo trabalho que eles desempenham!”.

domingo, 26 de agosto de 2012