Na última reunião do PET tivemos a visita da Senhora Gislaine, doutora em literatura pela UnB, e da Senhora Sueli, que dá aulas no sistema prisional de brasília, ambas tendo trabalhado com literatura marginal.
Durante a reunião discutimos nossa intervenção sociológica (?) nas penitenciárias do DF. As convidadas nos ajudaram a elaborar melhor aquilo que já tinhamos em mente, a partir de suas experiências.
Para a reunião trouxeram alguns exemplo da chamada literatura marginal:
Hospício É Deus - Maura Lopes Cançado, que escreveu a obra em uma de suas internações no hospital psiquiatrico Gustavo Reiedel, no Rio de Janeiro.
“Eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo
Eu era ar, espaço vazio, tempo
E gases puro, assim, ó, espaço vazio, ó
Eu não tinha formação
Não tinha formatura
Não tinha onde fazer cabeça
Fazer braço, fazer corpo
Fazer orelha, fazer nariz
Fazer céu da boca, fazer falatório
Fazer músculo, fazer dente
Eu não tinha onde fazer nada dessas coisas
Fazer cabeça, pensar em alguma coisa
Ser útil, inteligente, ser raciocínio
Não tinha onde tirar nada disso
Eu era espaço vazio puro”
Já Luiz Alberto Mendes, que viveu parte da vida em refomátorios e penitenciárias de São Paulo, é autor de duas obras Às Cegas e Memórias de um Sobrevivente:
"Era o primeiro dia dos exames. Eu estava extremamente nervoso. Sabia que não tinha base, e não tivera tempo suficiente para estudar.Em 1979 fora promulgada uma lei que, entre outras coisas, facultava ao presidiário o direito de freqüentar um curso superior. Até então, eu havia lido bastante, mas somente o que me interessava. Estudos curriculares não me chamavam a atenção.
Meu amigo Henrique Moreno é que tinha vindo com essa novidade. Na época, eu estava meio que perdido, sem objetivos. Preso por homicídio e assaltos em 1972, fora condenado a quase cem anos de prisão. Certificados não teriam significado algum.
Saíra de uma relação amorosa que me causara sofrimento imenso. Tinha uma certeza: pessoas como eu, que desde a infância vinham dando trombadas contra os muros da vida, não tinham grandes chances de alcançar equilíbrio. Particularmente quando presas.
Estava me conformando com isso. Felicidade, eu sabia, era impossível. Tudo o que queria então era um pouco de paz. Não muita, também. Jovem, precisava de movimento. A rotina prisional esmagava. Mergulhava a alma em oceanos de tédio, angústias estupidificantes.
Havia muito que eu estava consciente do que fizera. Mas e aí? Ia ficar me derretendo em culpas? Depois, a prisão tinha movimento também. Perigos nos espreitavam a cada curva de galeria. Quase toda semana três a quatro companheiros eram assassinados a facadas ou pauladas. Os motivos nem sempre justificavam. E isso me deixava pisando em ovos. De repente um daqueles malucos cismava com minha cara, e olha eu diante de uma faca ensangüentada. Tinha certeza de que não seria capaz de me defender. Se dependesse de mim, estava fodido."
Algumas outras obras tem menos entrada comercial:
Os Manos da Quebrada, organizado por Chico de Aquino, reune várias obras artisticas e literárias de detentos: http://www.estantevirtual.com.br/sebouniversitario/Chico-de-Aquino-Manos-da-Quebrada-46322140
Fuga de Vozes - Djane Antornucci, Letícia Fraga e Alváro Franco da Fonseca Júnior.
E por fim, Longe Como o Meu Querer de Marina Colasanti:
Nascida na Etiópia, Marina veio para o Brasil durante a segunda guerra mundial, e na maioria das histórias traz figuras femininas como personagens principais.
Fuga de Vozes - Djane Antornucci, Letícia Fraga e Alváro Franco da Fonseca Júnior.
E por fim, Longe Como o Meu Querer de Marina Colasanti:
Nascida na Etiópia, Marina veio para o Brasil durante a segunda guerra mundial, e na maioria das histórias traz figuras femininas como personagens principais.
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