segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nim Chimpsky


Um dos mais falados documentários no Festival de Sundance do ano passado foi Projeto Nim, do diretor James Marsh, o mesmo que fez o aclamado e vencedor do Oscar 2008 “O Equilibrista”. Este seu novo trabalho é uma biografia sentimental de  Nim Chimpsky (nome dado em homanagem a Noam Chomsky), chimpanzé que foi objeto de uma famosa experiência sobre linguagem de aquisição, na década de 1970. Nim foi criado desde a infância como uma criança humana e se ensinou a ele Língua Gestual Americana. No surprises, o experimento levantou questões científicas basilares sobre linguagem e a linha que separa humanos e animais, bem como questões éticas perturbadoras. Abaixo, o trailer:


(o torrent do filme está disponível no Pirate Bay)

sábado, 1 de setembro de 2012

Literatura marginal?

Na última reunião do PET tivemos a visita da Senhora Gislaine, doutora em literatura pela UnB, e da Senhora Sueli, que dá aulas no sistema prisional de brasília, ambas tendo trabalhado com literatura marginal.
Durante a reunião discutimos nossa intervenção sociológica (?) nas penitenciárias do DF. As convidadas nos ajudaram a elaborar melhor aquilo que já tinhamos em mente, a partir de suas experiências. 

Para a reunião trouxeram alguns exemplo da chamada literatura marginal:
Hospício É Deus - Maura Lopes Cançado, que escreveu a obra em uma de suas internações no hospital psiquiatrico Gustavo Reiedel, no Rio de Janeiro.














Reino Dos Bichos e Dos Animais É o Meu Nome, organizado pela filósofa Wiviane Mosé, traz Stela do Patrocínio, internada da Colônia Psiquiátrica Juliana Moreira:


“Eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo 
Eu era ar, espaço vazio, tempo 
E gases puro, assim, ó, espaço vazio, ó 
Eu não tinha formação 
Não tinha formatura 
Não tinha onde fazer cabeça 
Fazer braço, fazer corpo 
Fazer orelha, fazer nariz 
Fazer céu da boca, fazer falatório 
Fazer músculo, fazer dente
Eu não tinha onde fazer nada dessas coisas 
Fazer cabeça, pensar em alguma coisa 
Ser útil, inteligente, ser raciocínio 
Não tinha onde tirar nada disso
Eu era espaço vazio puro”


Já Luiz Alberto Mendes, que viveu parte da vida em refomátorios e penitenciárias de São Paulo, é autor de duas obras Às Cegas e Memórias de um Sobrevivente:

Trecho de Às Cegas:

"Era o primeiro dia dos exames. Eu estava extremamente nervoso. Sabia que não tinha base, e não tivera tempo suficiente para estudar.Em 1979 fora promulgada uma lei que, entre outras coisas, facultava ao presidiário o direito de freqüentar um curso superior. Até então, eu havia lido bastante, mas somente o que me interessava. Estudos curriculares não me chamavam a atenção.
Meu amigo Henrique Moreno é que tinha vindo com essa novidade. Na época, eu estava meio que perdido, sem objetivos. Preso por homicídio e assaltos em 1972, fora condenado a quase cem anos de prisão. Certificados não teriam significado algum.

Saíra de uma relação amorosa que me causara sofrimento imenso. Tinha uma certeza: pessoas como eu, que desde a infância vinham dando trombadas contra os muros da vida, não tinham grandes chances de alcançar equilíbrio. Particularmente quando presas.
Estava me conformando com isso. Felicidade, eu sabia, era impossível. Tudo o que queria então era um pouco de paz. Não muita, também. Jovem, precisava de movimento. A rotina prisional esmagava. Mergulhava a alma em oceanos de tédio, angústias estupidificantes.
Havia muito que eu estava consciente do que fizera. Mas e aí? Ia ficar me derretendo em culpas? Depois, a prisão tinha movimento também. Perigos nos espreitavam a cada curva de galeria. Quase toda semana três a quatro companheiros eram assassinados a facadas ou pauladas. Os motivos nem sempre justificavam. E isso me deixava pisando em ovos. De repente um daqueles malucos cismava com minha cara, e olha eu diante de uma faca ensangüentada. Tinha certeza de que não seria capaz de me defender. Se dependesse de mim, estava fodido."





Algumas outras obras tem menos entrada comercial:
Os Manos da Quebrada, organizado por Chico de Aquino, reune várias obras artisticas e literárias de detentos: http://www.estantevirtual.com.br/sebouniversitario/Chico-de-Aquino-Manos-da-Quebrada-46322140
Fuga de Vozes - Djane Antornucci, Letícia Fraga e Alváro Franco da Fonseca Júnior.
E por fim, Longe Como o Meu Querer de Marina Colasanti:


Nascida na Etiópia, Marina veio para o Brasil durante a segunda guerra mundial, e na maioria das histórias traz figuras femininas como personagens principais.











terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pai capaz de amamentar levanta novo questionamento sobre a maternidade




retirado de: yahoo!
                                                                            MacDonald tem registrado a experiência de amamentar em fotos e anedotas em seu blog,Milk Junkies, por quase um ano. Contudo, apenas em agosto seu caso ficou conhecido, após um desentendimento com La Leche League (LLL), uma organização internacional de apoio à amamentação. O pai e o orgão discordaram sobre a definição que cada um tem sobre maternidade.


A grande ironia, na verdade, é que MacDonald nasceu mulher, mas foi ‘transformado’ em homem aos 23 anos, através de tratamento hormonal e cirurgia nos seios. “Eu continuo com os meus órgãos reprodutivos femininos, mas sempre me senti (e ainda me sinto) completamente masculino. Além disso, qualquer pessoa que me visse na rua não pensaria que sou outra coisa senão um homem”, ele escreveu em um artigo que saiu na Out Magazine, em abril. Ele ainda refere a si mesmo como pai, e não mãe.

Ele também se autodenomina homosexual e casou com o atual parceiro antes de engravidar. Antes de ter o bebê, ele pesquisou e descobriu um método de amamentação para mulheres com mastectomias (a cirurgia que fez para ter seios masculinizados).

O principal motivo para Trevor informar-se sobre o assunto é garantir ao seu filho os nutrientes que apenas o leite materno possui. Através de um dispositivo conectado ao mamilo (o SNS), MacDonald conseguiu alimentar Jacob, contando ainda com a doação láctea para incrementar sua própria produção. Para o bebê, a experiência não difere em nada em relação a uma amamentação comum. No início, contudo, Trevor relatou no blog a dificuldade em prover o bebê com leite com um tecido mamário reduzido pela cirurgia.

Até a última semana, o grande debate acerca a questão de amamentação era centrado nos dilemas de quais locais são ideais para isso e quanto tempo de duração deve ter. Mas Trevor MacDonald, o pai ousado de 27 anos, fez surgir uma questão ainda maior sobre isso: quem fica responsável pela amamentação? O pai ou a mãe?


Sim, para muitas pessoas a resposta óbvia seria a mãe. Contudo, o caso do jovem trouxe novas possibilidades e vale a pena conhecer a história para então tirar as próprias conclusões.

Depois de desempenhar os papéis de mãe com seu filho, Jacob (agora com 16 meses), Trevor esperava se tornar um dos diretores dos grupos de suporte local do LLL. Contudo, ele foi informado de que só poderia ocupar a função se fosse mulher.


Para acompanhar a trajetória de Trevor, basta acessar seu blog: Milk Junkies. No portal, ele posta fotos e histórias …



Apesar de todo o atrito, em carta ao La Leche League contestando a política que limita a participação às mulheres, o pai elogiou a instituição, reconhecendo que amamentação paterna é um território inteiramente novo e, portanto, é natural que gere alguma polêmica.

“Sem o suporte e as informações que recebi do LLL, duvido que conseguiria desepenhar essa função hoje.”, ele escreveu em carta publicada no blog. “Eu espero um dia conseguir recompensar a compaixão, o encorajamento e a perícia que fez tanta diferença na minha experiência amamentando.”


Trevor amamentando Jacob, agora com 16 meses. (Foto: Reprodução)Apesar de tudo, a organização resolveu manter a regra de que lideres de grupos poderiam ser apenas mulheres. Em compensação, a resposta enviada a MacDonald e também publicada no blog enfatiza que a missão do órgão é “ajudar todas as mães... independentemente da sua origem ou sua situação atual”. A prova é que mesmo MacDonald, que ainda se denomina como pai, recebeu o apoio do grupo.




Repercussão nacional

O caso de Trevor recebeu a atenção da imprensa canadense na última semana, levantando novos questionamentos, particularmente entre mulheres.

“A decisão da La Leche League do Canadá é descriminatória”, disse a PhD em paternidade e blogueira, Annie Urban, ao jornal Toronto Star. “Está na hora da LLL atualizar as suas regras e reconhecer que amamentação não é exclusividade materna, necessariamente.”

Já Jill, uma residente de Montreal, discorda. Em carta enviada ao Montreal Gazette, um dos veículos que cobriam todo o caso, ela defende a decisão da LLL, pois acredita que o grupo estava protegendo as mães de serem obrigadas a abrir sua intimidade para um homem. “Eu acho que eles acertaram quando decidiram que a melhor decisão seria ter uma mulher liderando e ajudando os grupos de apoio”, ela escreveu.




Por fim, do que se trata o caso


Na realidade, esse debate sobre amamentação não se resume a tomar partidos ou posições, mas sim se extende a toda uma avaliação sobre a denifição de maternidade, paternidade e tudo o que essas fimções abrangem. O recente projeto californiano de permitir que crianças possuam múltiplos pais legalmente é outro exemplo de como a estrutura familiar está evoluindo no quesito aceitação sexual e de gênero. Além do divórcio e da criação independente.

De acordo com pesquisa realizada por instituto, dentro da atual comunidade de transgêneros, é estimado que 38% são pais. Esses números ainda tendem a crescer com o progresso científico e educacional. Isso não significa, necessariamente, que uma organização deva mudar a sua política, apesar de o caso de MacDonald provavelmente atrair mais grupos para apoiar a causa.


A maior lição que se pode tirar da polêmica entre MacDonald e LLL, contudo, é a civilidade. Diferentemente de outras controvérsias em torno do tema ‘amamentação’, essa discussão específica recebeu um olhar mais sensível (observado pela troca de elogios das duas partes, apesar do desentendimento).


MacDonald está agora solicitando que os leitores de seu blog dêem voz à sua opinião, mas continuem apoiando a LLL. “Não retirem o apoio à organização – há milhares de lideres incríveis e com mente aberta”, ele escreveu. “Não vamos esquecer o ótimo trabalho que eles desempenham!”.

domingo, 26 de agosto de 2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Curso a distância com base na obra de Bauman.

IDENTIDADE E AFETO NA PÓS-MODERNIDADE – ALGUNS DESAFIOS EDUCACIONAIS NA MODERNIDADE LÍQUIDA.

Temos como finalidade debater a respeito de teorias de Bauman, principalmente sobre a afetividade na modernidade líquida e suas consequências no processo de individualização da sociedade. Procuraremos ainda refletir sobre a educação neste contexto social complexo e incerto. Para tanto, além de textos do sociólogo, trabalharemos com os filmes Shrek (Adamson e Jenson 2001) e Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen, 2008).

http://www.narravis.com.br/guia_did_modernliquida.pdf
http://www.narravis.com.br/cursosoferecidos2012_2.html

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

"Não é mais possível dizer que não sabíamos", diz Philip Low


Neurocientista explica por que pesquisadores se uniram para assinar manifesto que admite a existência da consciência em todos os mamíferos, aves e outras criaturas, como o polvo, e como essa descoberta pode impactar a sociedade


O neurocientista canadense Philip Low ganhou destaque no noticiário científico depois deapresentar um projeto em parceria com o físico Stephen Hawking, de 70 anos. Low quer ajudar Hawking, que está completamente paralisado há 40 anos por causa de uma doença degenerativa, a se comunicar com a mente. Os resultados da pesquisa foram revelados no último sábado (7) em uma conferência em Cambridge. Contudo, o principal objetivo do encontro era outro. Nele, neurocientistas de todo o mundo assinaram um manifesto afirmando que todos os mamíferos, aves e outras criaturas, incluindo polvos, têm consciência. Stephen Hawking estava presente no jantar de assinatura do manifesto como convidado de honra.
Divulgação
Philip Low
Philip Low: "Todos os mamíferos e pássaros têm consciência"
Low é pesquisador da Universidade Stanford e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), ambos nos Estados Unidos. Ele e mais 25 pesquisadores entendem que as estruturas cerebrais que produzem a consciência em humanos também existem nos animais. "As áreas do cérebro que nos distinguem de outros animais não são as que produzem a consciência", diz Low, que concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:
Estudos sobre o comportamento animal já afirmam que vários animais possuem certo grau de consciência. O que a neurociência diz a respeito?Descobrimos que as estruturas que nos distinguem de outros animais, como o córtex cerebral, não são responsáveis pela manifestação da consciência. Resumidamente, se o restante do cérebro é responsável pela consciência e essas estruturas são semelhantes entre seres humanos e outros animais, como mamíferos e pássaros, concluímos que esses animais também possuem consciência.
Quais animais têm consciência? Sabemos que todos os mamíferos, todos os pássaros e muitas outras criaturas, como o polvo, possuem as estruturas nervosas que produzem a consciência. Isso quer dizer que esses animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar que animais não têm consciência. Agora, temos um grupo de neurocientistas respeitados que estudam o fenômeno da consciência, o comportamento dos animais, a rede neural, a anatomia e a genética do cérebro. Não é mais possível dizer que não sabíamos.

É possível medir a similaridade entre a consciência de mamíferos e pássaros e a dos seres humanos? Isso foi deixado em aberto pelo manifesto. Não temos uma métrica, dada a natureza da nossa abordagem. Sabemos que há tipos diferentes de consciência. Podemos dizer, contudo, que a habilidade de sentir dor e prazer em mamíferos e seres humanos é muito semelhante.

Que tipo de comportamento animal dá suporte à ideia de que eles têm consciência?Quando um cachorro está com medo, sentindo dor, ou feliz em ver seu dono, são ativadas em seu cérebro estruturas semelhantes às que são ativadas em humanos quando demonstramos medo, dor e prazer. Um comportamento muito importante é o autorreconhecimento no espelho. Dentre os animais que conseguem fazer isso, além dos seres humanos, estão os golfinhos, chimpanzés, bonobos, cães e uma espécie de pássaro chamada pica-pica.

Quais benefícios poderiam surgir a partir do entendimento da consciência em animais? Há um pouco de ironia nisso. Gastamos muito dinheiro tentando encontrar vida inteligente fora do planeta enquanto estamos cercados de inteligência consciente aqui no planeta. Se considerarmos que um polvo — que tem 500 milhões de neurônios (os humanos tem 100 bilhões) — consegue produzir consciência, estamos muito mais próximos de produzir uma consciência sintética do que pensávamos. É muito mais fácil produzir um modelo com 500 milhões de neurônios do que 100 bilhões. Ou seja, fazer esses modelos sintéticos poderá ser mais fácil agora.

Qual é a ambição do manifesto? Os neurocientistas se tornaram militantes do movimento sobre o direito dos animais? É uma questão delicada. Nosso papel como cientistas não é dizer o que a sociedade deve fazer, mas tornar público o que enxergamos. A sociedade agora terá uma discussão sobre o que está acontecendo e poderá decidir formular novas leis, realizar mais pesquisas para entender a consciência dos animais ou protegê-los de alguma forma. Nosso papel é reportar os dados.

As conclusões do manifesto tiveram algum impacto sobre o seu comportamento? Acho que vou virar vegetariano. É impossível não se sensibilizar com essa nova percepção sobre os animais, em especial sobre sua experiência do sofrimento. Será difícil, adoro queijo.

O que pode mudar com o impacto dessa descoberta? Os dados são perturbadores, mas muito importantes. No longo prazo, penso que a sociedade dependerá menos dos animais. Será melhor para todos. Deixe-me dar um exemplo. O mundo gasta 20 bilhões de dólares por ano matando 100 milhões de vertebrados em pesquisas médicas. A probabilidade de um remédio advindo desses estudos ser testado em humanos (apenas teste, pode ser que nem funcione) é de 6%. É uma péssima contabilidade. Um primeiro passo é desenvolver abordagens não invasivas. Não acho ser necessário tirar vidas para estudar a vida. Penso que precisamos apelar para nossa própria engenhosidade e desenvolver melhores tecnologias para respeitar a vida dos animais. Temos que colocar a tecnologia em uma posição em que ela serve nossos ideais, em vez de competir com eles.