terça-feira, 17 de julho de 2012

"Não é mais possível dizer que não sabíamos", diz Philip Low


Neurocientista explica por que pesquisadores se uniram para assinar manifesto que admite a existência da consciência em todos os mamíferos, aves e outras criaturas, como o polvo, e como essa descoberta pode impactar a sociedade


O neurocientista canadense Philip Low ganhou destaque no noticiário científico depois deapresentar um projeto em parceria com o físico Stephen Hawking, de 70 anos. Low quer ajudar Hawking, que está completamente paralisado há 40 anos por causa de uma doença degenerativa, a se comunicar com a mente. Os resultados da pesquisa foram revelados no último sábado (7) em uma conferência em Cambridge. Contudo, o principal objetivo do encontro era outro. Nele, neurocientistas de todo o mundo assinaram um manifesto afirmando que todos os mamíferos, aves e outras criaturas, incluindo polvos, têm consciência. Stephen Hawking estava presente no jantar de assinatura do manifesto como convidado de honra.
Divulgação
Philip Low
Philip Low: "Todos os mamíferos e pássaros têm consciência"
Low é pesquisador da Universidade Stanford e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), ambos nos Estados Unidos. Ele e mais 25 pesquisadores entendem que as estruturas cerebrais que produzem a consciência em humanos também existem nos animais. "As áreas do cérebro que nos distinguem de outros animais não são as que produzem a consciência", diz Low, que concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:
Estudos sobre o comportamento animal já afirmam que vários animais possuem certo grau de consciência. O que a neurociência diz a respeito?Descobrimos que as estruturas que nos distinguem de outros animais, como o córtex cerebral, não são responsáveis pela manifestação da consciência. Resumidamente, se o restante do cérebro é responsável pela consciência e essas estruturas são semelhantes entre seres humanos e outros animais, como mamíferos e pássaros, concluímos que esses animais também possuem consciência.
Quais animais têm consciência? Sabemos que todos os mamíferos, todos os pássaros e muitas outras criaturas, como o polvo, possuem as estruturas nervosas que produzem a consciência. Isso quer dizer que esses animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar que animais não têm consciência. Agora, temos um grupo de neurocientistas respeitados que estudam o fenômeno da consciência, o comportamento dos animais, a rede neural, a anatomia e a genética do cérebro. Não é mais possível dizer que não sabíamos.

É possível medir a similaridade entre a consciência de mamíferos e pássaros e a dos seres humanos? Isso foi deixado em aberto pelo manifesto. Não temos uma métrica, dada a natureza da nossa abordagem. Sabemos que há tipos diferentes de consciência. Podemos dizer, contudo, que a habilidade de sentir dor e prazer em mamíferos e seres humanos é muito semelhante.

Que tipo de comportamento animal dá suporte à ideia de que eles têm consciência?Quando um cachorro está com medo, sentindo dor, ou feliz em ver seu dono, são ativadas em seu cérebro estruturas semelhantes às que são ativadas em humanos quando demonstramos medo, dor e prazer. Um comportamento muito importante é o autorreconhecimento no espelho. Dentre os animais que conseguem fazer isso, além dos seres humanos, estão os golfinhos, chimpanzés, bonobos, cães e uma espécie de pássaro chamada pica-pica.

Quais benefícios poderiam surgir a partir do entendimento da consciência em animais? Há um pouco de ironia nisso. Gastamos muito dinheiro tentando encontrar vida inteligente fora do planeta enquanto estamos cercados de inteligência consciente aqui no planeta. Se considerarmos que um polvo — que tem 500 milhões de neurônios (os humanos tem 100 bilhões) — consegue produzir consciência, estamos muito mais próximos de produzir uma consciência sintética do que pensávamos. É muito mais fácil produzir um modelo com 500 milhões de neurônios do que 100 bilhões. Ou seja, fazer esses modelos sintéticos poderá ser mais fácil agora.

Qual é a ambição do manifesto? Os neurocientistas se tornaram militantes do movimento sobre o direito dos animais? É uma questão delicada. Nosso papel como cientistas não é dizer o que a sociedade deve fazer, mas tornar público o que enxergamos. A sociedade agora terá uma discussão sobre o que está acontecendo e poderá decidir formular novas leis, realizar mais pesquisas para entender a consciência dos animais ou protegê-los de alguma forma. Nosso papel é reportar os dados.

As conclusões do manifesto tiveram algum impacto sobre o seu comportamento? Acho que vou virar vegetariano. É impossível não se sensibilizar com essa nova percepção sobre os animais, em especial sobre sua experiência do sofrimento. Será difícil, adoro queijo.

O que pode mudar com o impacto dessa descoberta? Os dados são perturbadores, mas muito importantes. No longo prazo, penso que a sociedade dependerá menos dos animais. Será melhor para todos. Deixe-me dar um exemplo. O mundo gasta 20 bilhões de dólares por ano matando 100 milhões de vertebrados em pesquisas médicas. A probabilidade de um remédio advindo desses estudos ser testado em humanos (apenas teste, pode ser que nem funcione) é de 6%. É uma péssima contabilidade. Um primeiro passo é desenvolver abordagens não invasivas. Não acho ser necessário tirar vidas para estudar a vida. Penso que precisamos apelar para nossa própria engenhosidade e desenvolver melhores tecnologias para respeitar a vida dos animais. Temos que colocar a tecnologia em uma posição em que ela serve nossos ideais, em vez de competir com eles.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Coreografia de Michael Jackson por detentos das Filipinas.


Em entrevista por telefone ao G1, Garcia (diretor do presídio) afirmou que as coreografias são parte de uma nova política que adotou para tentar recuperar o sistema carcerário da província. "Como em muitos outros países do mundo, nossa prisão estava superlotada, tomada pela corrupção, pelas drogas e pelo jogo."

Em dezembro de 2004, após uma violenta rebelião na antiga penitenciária, que nas palavras de Garcia "lembrava os cenários de 'Mad Max'", cerca de 1.400 presos foram transferidos para uma nova e recém-construída unidade, o tal CPDRC. Foi lá que, pela primeira vez, ganharam os agora "famosos" uniformes laranjas que aparecem usando nos vídeos do YouTube. 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Pingu!

Desenho animada da TV Cultura, famoso nos anos noventa. Pingu não faz uso de nenhuma lingua humana conhecida; ou talvez faça uso de toda a linguagem humana conhecida.

http://www.youtube.com/watch?v=ORHQmLrXdmY

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Quando o som é em sí próprio é a mensagem.

Shakespeare pode nos ajudar a esclarecer do poder do som, e da voz como transmissores únicos de mensagem: Segue abaixo, trecho da entrevista de Barbara Heliodora, onde faz críticas às novas montagens de Shakespeare no Brasil:
 http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u569242.shtml
A critica e tradutora Barbara Heliodora, autoridade máxima em Shakespeare no Brasil

Shakespeare é simples
O texto shakespeariano, aponta ela, é "riquíssimo em imagens tiradas do cotidiano e elaboradas com linguagem relativamente simples --ainda que por vezes ele invente palavras". Nesses casos, "a ação facilita a compreensão", defende Barbara, ciosa da transposição das peças para a cena da forma como foram concebidas: predominantemente em verso.
Não foi o que fez a bem-sucedida montagem de "Hamlet" com Wagner Moura no papel-título e Aderbal Freire-Filho na direção, atualmente em cartaz no Rio, depois de temporada paulistana. "Nessa peça, o verso é o pensamento harmônico e a prosa, a pretensa loucura. Se você põe tudo em prosa e o personagem está sempre louco, felicidades, mas não me diga que aquilo é "Hamlet"!"
Entra em cena a crítica implacável do jornal "O Globo". "Elogiar o que está ruim prejudica quem faz. A pessoa não vai se corrigir. Não falo de pessoas, avalio trabalhos. Acho que o público precisa ser informado, não só para não ser apanhado de surpresa por coisas horríveis, como também para compreender melhor o teatro de forma geral. Essa é a minha forma de ajudar a formar uma plateia criteriosa, que peça bons repertórios."
Para lembrar o nome de uma promessa da dramaturgia brasileira atual, Rodrigo Nogueira (de "Play", em cartaz no Rio), ela busca o caderno largo, desses de rabiscos de aulas de artes plásticas, em que cola suas críticas. Sabe que fazer e pensar o teatro, como em toda arte, é esboçar sempre.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Enigma de Kaspar Hauser

O Filme O Enigma de Kaspar Hauser, de 1974, conta a história de uma criança encontrada na  na praça Unschlittplatz em NurembergAlemanha do século XIX. A criança passou os primeiros anos de sua vida aprsionado numa cela, não tendo contato verbal com nenhuma pessoa.
Fruto de inúmeros estudos, o caso de Kaspar Hauser é também propricio às reflexões sobre a afetividade, corpos e sociedade.
Qual a função dos sentimentos na construção do indivíduo? Qual relação da afetividade e a condição humana?

O filme está disponível no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=2m0GVRpl5dA

Entrevista com David Le Breton


Construção de emoções
Sociólogo David Le Breton monta um estudo antropológico indicando que as emoções subjetivas são o resultado das condições sociais e culturais em que o indivíduo está inserido
Por Anderson Fernandes de Oliveira Fotos Leandro Fonseca
Roubado de: http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/23/artigo133356-1.asp




Viajante e estudioso de culturas, o sociólogo francês David Le Breton é um apreciador assumido das terras brasileiras. Já esteve no Brasil diversas vezes e ama, em especial, a cidade do Rio de Janeiro, que diz ser possuidora de uma beleza singular. Sobre São Paulo, ele é incisivo em mostrar seu desgosto. A selva de pedra lembra-o muito algumas cidades nos Estados Unidos, como Nova York, por exemplo. Ele prefere a natureza às paisagens urbanas. Por essa razão adora viajar. Segundo ele, ficar na França é muito enfadonho, devido ao clima muito frio e soturno.
Breton é doutor em Antropologia e professor na Universidade de Estrasburgo II. Tornou-se referência no estudo da corporeidade. Dentre suas obras publicadas no Brasil está a Sociologia do corpo (Ed. Vozes), em que o francês argumenta que o fenômeno de existência corporal está "incorporado" no nosso contexto social e cultural, ou seja, a linguagem corporal está inserida no canal pelo qual as relações sociais são elaboradas e vivenciadas. Para o professor, a Antropologia social e a Sociologia possuem inúmeras possibilidades de pesquisas, dentre elas, as investigativas. No âmbito individual e coletivo, elas podem ajudar nos estudos sobre as representações que construímos acerca do corpo e até mesmo na compreensão de certas culturas.
Neste e em muitos de seus trabalhos (ainda sem tradução para o português) Breton se preocupa com as investigações sociais e culturais do corpo como, por exemplo, os simbolismos, as expressões e percepções construídas na dinâmica social.
Suas análises envoltas da Sociologia da corporeidade ganham uma extensão com novos ares na obra As paixões ordinárias - Antropologia das emoções (Ed. Vozes). Em uma visita rápida por São Paulo, David Le Breton cedeu gentilmente uma entrevista à revista Sociologia Ciência & Vida, para falar um pouco sobre seu último livro, suas aventuras ao redor do mundo, Antropologia, cultura e a situação atual da sociedade contemporânea.
Para a construção do livro, você teve como base a Antropologia e a Sociologia. Você estudou algumas outras áreas da ciência e qual a importância dela no estudo antropológico?
Le Breton -
A Antropologia é a disciplina dos indisciplinados [risos], daqueles que se recusam a limitar a sua curiosidade. O antropólogo é aquele que sai, que quer conhecer tudo de maneira mais ampla e dando a ele mesmo todos os meios para chegar a isso. Quando trabalho sobre qualquer assunto, seja ele emocional ou não, busco não só Antropologia e Sociologia, mas também a Psicanálise e a Etnologia. Acho que estou em uma herança da Antropologia cultural americana. Sua outra definição é que "nada que me é humano me é estranho". É necessário tudo para se construir o mundo.
" A Antropologia é a disciplina dos indisciplinados, daqueles que se recusam a limitar a sua curiosidade "
Você disse que está mais baseado na Antropologia americana. Existe outra Antropologia? Qual é a diferença?
Le Breton -
Não sou estruturalista. A Antropologia que sigo é a social e cultural. Não está na herança de Claude Lévi-Strauss [antropólogo, professor e filósofo francês, considerado o fundador da Antropologia Estruturalista], mas, sobretudo, de George Balandier [etnólogo e sociólogo francês] e de Margareth Mead [antropóloga cultural norte-americana]. Eu me sinto muito mais próximo da Antropologia britânica, americana e anglo-saxônica. Existe também uma tradição na França que perdeu um pouco de importância que é do Marcel Mauss [sociólogo e antropólogo francês, sobrinho de Émile Durkheim, e considerado como o "pai" da etnologia francesa]. Eu me reconheço nesta tradição. Uma Antropologia do mundo contemporâneo que faz que a Sociologia também se imponha no momento da análise [Mauss apontava que as sociedades se formam basicamente pela troca, doação e reciprocidade de culturas].
Por que optou pelo nome As paixões ordinárias, em seu último livro?
Le Breton -
O termo paixão é forte. Entendo-o de acordo com Descartes, que escreveu o Tratado das paixões, em que mostra que paixões ordinárias são aquelas com as quais vivemos todos os dias. Que são socialmente construídas e que também levam em conta a nossa individualidade dentro da cultura, da nossa história e nossa educação dentro da família.
" Falar de emoções positivas e negativas já é fazer um julgamento de valor. Jogar com essas emoções faz vender jornal "